domingo, dezembro 13, 2009

Outra escola é possível?

Nós brasileiros vimos nos últimos anos um governo de “oposição”, um líder sindical que fazia resistência ao Estado, agora empossado presidente da república. De acordo com o ministro da educação Fernando Haddad, um jeito de avaliar a atuação de um governante é analisar as mudanças constitucionais realizadas por este.

Segundo o ministro, o atual governo aprovou, com o apoio da oposição, duas emendas constitucionais; a saber, número 53 e 59. Que alteram diretamente dispositivos ligados à educação, como por exemplo: a obrigatoriedade do ensino dos quatro aos dezessete anos, o fim do DRU (Desvinculação de Receitas da União), o FUNDEB (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica), o ensino fundamental de nove anos. Nas palavras do próprio Haddad, o estado tem de intervir agora, para no futuro não intervir, pois temos o estado como amigo/inimigo invisível e, ainda em consonância com o que diz o Ministro da Educação, as futuras gerações hão de notar o sentido progressista em que foi reescrito o capitulo consagrado à educação da nossa lei maior.

Entretanto, para Boaventura (2006), a repetição é a condição para a ordem e a melhoria é a do progresso. Na medida em que dada condição social se repete e não melhora e que a melhora não se repete, então o estado não trabalha para o desenvolvimento da sociedade, antes, passa por transformações que tornam obsoletas as ideologias existentes.

Por isso, faz-se necessária uma política que prova a diversidade, ou seja, precisamos demarcar espaços e nos estrangeirarmos, não devemos criar uma identidade, ou currículo nacional, carecemos de construir singularidade e subjetividade. No campo educacional podemos falar em “educação maior” (macropolítica, desenvolvida nos gabinetes do ministério da educação, secretarias da educação, etc.) e a “educação menor” (micropolítica, criação e produção cotidiana, micro-relações estabelecidas na instituição escolar como um todo).

Apesar de tudo, a maior dificuldade para transformar a educação é mudar o estado e a sociedade em si; paradoxalmente, para reformular o estado é necessário mudar “reformar” a sociedade e para tanto é preciso alterar a educação. Mas, tendo em vista que o estado é o maior responsável pela educação e, legalmente, detém o “direito” e o dever de educar e é o estado que legitima o direito dos outros de educarem, é correto afirmar que o estado só muda se quiser, ou, para usar os termos de Boaventura (2006), se auto-reforma se achar que precisa.

Outra escola é sim possível, ao passo que aconteça uma mudança interna daqueles que têm a escola nas mãos; mudança tal que emane e contagie de forma intensiva, mesmo que com pouca expressão inicial. Passo a passo, município a município, todo território nacional a educação vá mudando.

Talvez, essa mudança esteja mesmo nas mãos dos educadores, dirigentes, enfim, de todo o corpo escolar, na pouca mobilidade que nos é oferecida pelo estado e, assim, enxergar as lacunas nas quais podem se infiltrar os sentimentos que levam ao aperfeiçoamento, à emancipação e à percepção das “ferramentas” que nós cidadãos temos disponíveis para fugir do bicho.

BIBLIOGRAFIA:

Educação e Constituição. Folha de São Paulo. 22 de Nov. 2009.

Santos, Boaventura de Sousa. A Gramática do Tempo: para uma nova cultura política. – São Paulo: Cortez, 2006 p.341-376.


Este é um trabalho que fiz em grupo e colaboraram para ele:
Adriana da Silva
Christiane da Costa
Gabriela Subtil
Marília Araujo
Priscila Martins

2 comentários:

Anônimo disse...

sumido
saudades
aparece
abraços

RUBENS disse...

Oi Jr. posso colocar uma provocaçãozinha nessa discussão? É o seguinte, eu não acredito sinceramente que a educação do Brasil vá melhorar colocando o aluno mais tempo na escola, tem que mudar mentalidades. Educação não se altera com ideias de burocratas, mas sim de educadores. Mesmo assim há que se ter coragem para mudar. Embora não seja minha área de atuação, sempre que posso leio Howard Gardner, Célestin Freinet, Jonh Dewey e, claro, PAULO FREIRE, Darcy Ribeiro. Me emociono com estes autores e vc está tendo uma chance de ouro para aprofundar no ensino dessas personagens maravilhosas. Grande abraço.