domingo, dezembro 27, 2009

O futuro não é mais como era antigamente.

Do Ano novo:
Memento homo quia és pulvis et in pulvis reverteris”; lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás – está máxima diz respeito ao futuro e ao que todos esperamos dele. Almejamos que o amanhã traga consigo novas chances, ou, pelo menos, a solução para nossos problemas; grandes ou pequenos. Entretanto, se apenas houvesse amanhã, perder-se-ia de vista o que temos para resolver hoje; ou como disse Horácio: “Carpe diem quam minimun credula postero”; aproveita o teu dia, confia o mínimo no amanhã.
Então, como viver? “De olho” na esperança do futuro, ou na responsabilidade do presente? É evidente que não existe uma resposta definitiva para essas questões, e nem pretendo dar uma, mas dissertar sobre o assunto. É que, no ano novo, sempre tem gente fazendo promessas de que tudo mudará no ano que chega, para no fim viver o mesmo que no ano anterior.
Para falar de futuro, primeiramente devo definir o que é tempo.
O tempo é o regulador da vida, é o período que vai de um acontecimento anterior a um acontecimento posterior, uma mudança continua, ou assim considerada, pela qual o presente vira passado” (Santos 1952).
O futuro é, portanto, o período de tempo que se inicia após o presente e não tem um fim definido; referente a algo que irá acontecer, tempo por ocorrer. Para alguns é uma realidade ontológica; é um espaço virgem por descobrir e compreender plenamente.
Não por acaso, a definição de futuro freqüentemente remete à de esperança, que é a expectativa; ou crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos futuros. Segundo a bíblia, “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hebreus 11:1). Também não é por acaso que a fé e a esperança estão, em geral, muito ligadas; pois, no fundo, uma depende da outra para existir e, nesse sentido, o futuro é o momento mais propicio para que mudanças ocorram na nossa vida.
Todavia, o futuro, na realidade, sequer existe; como já disse, o futuro é, por definição, conseqüência direta do que ocorre no presente, e este por sua vez é resultado direto do passado e assim por diante. É esse tipo de silogismo que leva a muitos viver “correndo atrás” do futuro, se esquecendo do presente, a acumular o máximo de riqueza agora para “aproveitar depois”.
Na prática, não é isso que ocorre; quantas promessas de ano novo você já cumpriu? Quantas delas ficaram relegadas ao amanhã? – “Amanhã eu começo o regime”; “Amanhã, sem falta, eu como a caminhar e ir à academia”... Acontece que esse amanhã nunca chega. A tendência é acumular ainda mais capital e, “no fim das contas da vida, noves fora igual a zero”. Por isso, afirmo que é preciso sim se preocupar com o futuro, mas sem nos esquecermos do presente, ou, como diria Renato Russo: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade, não há”; e também, porque, no fim, tudo é pó e somos somente poeira ao vento.

BIBLIOGRAFIA:
SANTOS, M.F dos. Filosofia e cosmovisão. Edanee:[sl]1952. p 66.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Uma frase com 2064 anos...

Não reeleja político algum para cargo que esteja ocupando.

Nas próximas eleições, haverá renovação de 2/3 do Congresso.

Façamos uma faxina.

Nem esses, nem indicados por esses.

Não vote sem conhecer a história dos candidatos.
Não vote porque alguém pediu.

Se não tiver candidato limpo, vote nulo.

Recebi esse e-mail hoje e decidi repassar!

domingo, dezembro 13, 2009

Outra escola é possível?

Nós brasileiros vimos nos últimos anos um governo de “oposição”, um líder sindical que fazia resistência ao Estado, agora empossado presidente da república. De acordo com o ministro da educação Fernando Haddad, um jeito de avaliar a atuação de um governante é analisar as mudanças constitucionais realizadas por este.

Segundo o ministro, o atual governo aprovou, com o apoio da oposição, duas emendas constitucionais; a saber, número 53 e 59. Que alteram diretamente dispositivos ligados à educação, como por exemplo: a obrigatoriedade do ensino dos quatro aos dezessete anos, o fim do DRU (Desvinculação de Receitas da União), o FUNDEB (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica), o ensino fundamental de nove anos. Nas palavras do próprio Haddad, o estado tem de intervir agora, para no futuro não intervir, pois temos o estado como amigo/inimigo invisível e, ainda em consonância com o que diz o Ministro da Educação, as futuras gerações hão de notar o sentido progressista em que foi reescrito o capitulo consagrado à educação da nossa lei maior.

Entretanto, para Boaventura (2006), a repetição é a condição para a ordem e a melhoria é a do progresso. Na medida em que dada condição social se repete e não melhora e que a melhora não se repete, então o estado não trabalha para o desenvolvimento da sociedade, antes, passa por transformações que tornam obsoletas as ideologias existentes.

Por isso, faz-se necessária uma política que prova a diversidade, ou seja, precisamos demarcar espaços e nos estrangeirarmos, não devemos criar uma identidade, ou currículo nacional, carecemos de construir singularidade e subjetividade. No campo educacional podemos falar em “educação maior” (macropolítica, desenvolvida nos gabinetes do ministério da educação, secretarias da educação, etc.) e a “educação menor” (micropolítica, criação e produção cotidiana, micro-relações estabelecidas na instituição escolar como um todo).

Apesar de tudo, a maior dificuldade para transformar a educação é mudar o estado e a sociedade em si; paradoxalmente, para reformular o estado é necessário mudar “reformar” a sociedade e para tanto é preciso alterar a educação. Mas, tendo em vista que o estado é o maior responsável pela educação e, legalmente, detém o “direito” e o dever de educar e é o estado que legitima o direito dos outros de educarem, é correto afirmar que o estado só muda se quiser, ou, para usar os termos de Boaventura (2006), se auto-reforma se achar que precisa.

Outra escola é sim possível, ao passo que aconteça uma mudança interna daqueles que têm a escola nas mãos; mudança tal que emane e contagie de forma intensiva, mesmo que com pouca expressão inicial. Passo a passo, município a município, todo território nacional a educação vá mudando.

Talvez, essa mudança esteja mesmo nas mãos dos educadores, dirigentes, enfim, de todo o corpo escolar, na pouca mobilidade que nos é oferecida pelo estado e, assim, enxergar as lacunas nas quais podem se infiltrar os sentimentos que levam ao aperfeiçoamento, à emancipação e à percepção das “ferramentas” que nós cidadãos temos disponíveis para fugir do bicho.

BIBLIOGRAFIA:

Educação e Constituição. Folha de São Paulo. 22 de Nov. 2009.

Santos, Boaventura de Sousa. A Gramática do Tempo: para uma nova cultura política. – São Paulo: Cortez, 2006 p.341-376.


Este é um trabalho que fiz em grupo e colaboraram para ele:
Adriana da Silva
Christiane da Costa
Gabriela Subtil
Marília Araujo
Priscila Martins