segunda-feira, setembro 25, 2017

"A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto." (Darcy Ribeiro).

Segundo a Folha *¹, a cada dia, em média, dois professores são agredidos na rede estadual de educação em São Paulo,  neste mesmo estado, cerca de 334 professores pedem exoneração a cada mês*² e a ausência dos profissionais chega a 30 dias por ano*³; não acho que esses números sejam coincidência , acho que são o resultado do sucateamento que o governo estadual vem promovendo ao longo dos últimos 20 anos.
Para dar uma ideia, segundo a resolução SE 86, de 28/11/2008: deverão ser observados como critérios para organização e composição de classes/turmas os seguintes referenciais quanto à média de alunos por classe: 30 alunos para as classes das séries/anos iniciais do ensino fundamental; 35 alunos para as classes das séries/anos finais do ensino fundamental; 40 alunos para as classes do ensino médio.
A média salarial de um professor da rede estadual de São Paulo é R$ 1.894,12*4 (40h) o que é 39% da média salarial dos países desenvolvidos *5 ,  e menos da metade do que ganham as pessoas com ensino superior (em média R$ 4.135,06 *6), vale lembrar que para ser professor  no estado de São Paulo é necessário ter o nível superior. Não é atoa que muitos professores têm uma jornada diária de trabalho extensa e dividida entre duas escolas, dados da organização Todos pela educação mostram que, em 2015, 41% dos professores da Educação Básica*7 fazem jornada extra.
Somando-se tudo isso; muitos acabam por desenvolver a síndrome de Burnout que é um estado de sofrimento que acomete o trabalhador quando este sente que já não consegue fazer frente aos estressores presentes no seu cotidiano de trabalho; resultado de longa exposição aos estressores laborais crônicos, sendo mais frequente em profissões com altas demandas emocionais e que exigem interações intensas, como é o caso dos professores e dos profissionais de saúde.
Essas demandas são agravadas por políticas educacionais que aumentam a sobrecarga de trabalho sem a devida compensação, por haverem condições inadequadas de trabalho, pela presença de alunos particularmente difíceis (alunos violentos), pelo sentimento de injustiça, de não ser reconhecido o seu esforço e da importância do papel do docente na sociedade.

Referências :
1 http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/09/1919146-sp-tem-quase-2-professores-agredidos-ao-dia-ataque-vai-de-soco-a-cadeirada.shtml
2 http://www.apeoesp.org.br/noticias/noticias-2017/cerca-de-334-professores-exoneram-a-cada-mes-em-sp/
3 http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/07/1903769-ausencia-de-professor-da-rede-publica-chega-a-30-dias-no-ano-no-estado-de-sp.shtml
4 https://www.terra.com.br/noticias/educacao/salarios-professores/
5 https://g1.globo.com/educacao/noticia/professor-brasileiro-ganha-39-da-media-salarial-de-paises-desenvolvidos.ghtml
6 http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/05/assalariado-com-nivel-superior-ganha-em-media-219-mais-diz-ibge.html
7 http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1649541-quatro-em-dez-professores-fazem-jornada-extra-para-compor-renda.shtml
Leci Junior

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